Hikoma Udihara



HIKOMA UDIHARA
(Resumo do texto “Memórias e identidade regional no cinema de Udihara” de Caio Julio Cesaro)


 HIKOMA UDIHARA, nasceu no dia 08 de novembro de 1882, na Província de Kochi, Japão. Diplomou-se na Escola de Comércio “Meichin”, na cidade de Osaka, em abril de 1899. Freqüentou a Escola “Koyo” de línguas ocidentais, na cidade de Kochi, em 1900. Trabalhou como agrimensor, no Japão, de 1907 a 1909.
No dia 04 de maio de 1910, embarcou do Porto de Kobe, no navio japonês “Ryujun-mary”, para o Brasil. Era recém-casado com Mitsuyo Udihara. Chegou ao Porto de Santos em 28 de junho do mesmo ano.
Aqui no Brasil, trabalhou por dois anos na agricultura, na Fazenda Guatapará, no Estado de São Paulo. Depois mudou-se para a capital, onde foi intérprete, carpinteiro, garçom, motorista, fotógrafo, copeiro e mordomo. Nesta época, os seus três filhos já eram nascidos. Por volta de 1920, dedicou-se ao ramo de corretagem e colonização, fundando colônias e núcleos coloniais de imigrantes japoneses nas zonas servidas pelas Estradas de Ferro Noroeste Paulista, no Estado de São Paulo e na zona de Cambará, no Estado do Paraná.
Em 1922, trabalhava para a Companhia Agrícola Barbosa Ferraz, de Cambará e, por intermédio desta, ingressou na Companhia de Terras Norte do Paraná, à convite de Mr. Arthur Thomas, gerente geral da Companhia. Tornou-se o agente exclusivo da Companhia para negociações com japoneses.
Hikoma se dirigiu para as colônias japonesas no Estado de São Paulo, atrás de japoneses, que eram empregados de italianos e outros, para convencê-los a virem para Londrina, porque a Companhia vendia terras muito barato e de maneira muito facilitada. Os japoneses tinham a sua economia guardada, mas não eram suficientes para comprar terras em São Paulo, por causa da valorização. E Udihara ia pelo interior do Estado, levando suas imagens às colônias japonesas, tentando convencer os japoneses a aplicarem as suas economias na compra de terras da Companhia e a virem para Londrina, foi o principal responsável pela migração dos japoneses para a região. Em dezembro de 1929, trouxe a londrina a primeira caravana de japoneses. Hikoma mostrava seus filmes, também, às autoridades de Curitiba, de São Paulo e chegou a ir ao Rio de Janeiro – naquela época sede do Governo Federal – usando-os como recurso de convencimento para conseguir apoio nas construções de estradas no Norte do Paraná para os japoneses escoarem o que plantavam aqui, um propagandista das terras à venda. Vendeu terras de Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Marialva, Maringá, Cianorte, Umuarama – todos os lugares onde a Companhia de Terras atuou. Vendeu terras até 1968/69, quando sua saúde declinou.
Ao longo da sua vida, Hikoma Udihara produziu cerca de dez horas de imagens em película 16mm. Todas são silenciosas, sem banda sonora. A velocidade de captação das imagens era 18qps (quadros por segundo). São filmes curtos, com duração de até 13 min e 45 segundos. Há filmes em cor e em branco e preto. Os rolos foram exibidos e armazenados sem haver montagem cinematográfica. Grande parte dos eventos do princípio de Londrina e do surgimento do Norte do Paraná foram registrados por Hikoma Udihara. Carlos Eduardo Lourenço Jorge, diretor de cinema da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina, classifica os filmes de Udihara como “o ponto de partida e chegada imagístico de Londrina”. Um acervo de 124 títulos em película foram doados ao Museu Histórico de Londrina, mas que estão sendo acondicionados na Cinemateca Brasileira, apesar dos cuidados técnicos a ação do tempo vem decompondo o acervo, muitos deles já irrecuperáveis.


Udihara ao lado busto de Athur Thomas

 Udihara com compradores de terra.


___________




Texto de Tony Hara, publicado no blog www.doclondrina.blogspot.com


Aos poucos os documentos vão atravessando os muros, as mesquinharias e as burocracias institucionais. Finalmente alguém de bom senso compartilhou as imagens de Hikoma Udihara, aquele famoso corretor de terras, funcionário da Companhia inglesa que registrou por interesses comerciais e por hobby cenas de uma Londrina que a gente pouco conhece. Há informações de que Udihara tenha feito filmes de 1927 até o ano de 1962. Ao longo desses 35 anos o cinegrafista deste sertão acumulou um acervo de cerca de 10 horas de imagens em película 16 mm.
Nos arquivos abaixo 5 minutos dessas 10 horas de gravação. 
Um fragmento apenas, mas já é uma emoção. 
Os títulos dos filmes de Hikoma Udihara postados no You Tube pelo blog http://londrinanet.blogspot.com.br/ remetem à Londrina dos anos 40. Talvez haja realmente alguns takes dessa época. Mas há imagens que foram feitas nas décadas de 50 e 60. Para facilitar o reconhecimento da época em que a filmagem foi realizada, recolhemos do livroIdealizações da Modernidade, de Juliana Suzuki, alguns dados sobre os edifícios que aparecem no filme.
Estação Rodoviária – 1952
As torres da Igreja Matriz - 1949
Júlio Fuganti – aprovação do projeto 1962
Edificio Sahão - Habite-se 1954
Autolon - aprovação do projeto 1952
Centro Comercial - Habite-se 1963
Edifício Bosque - 1955
Edifício América (relojão) - 1961 






_______________________________________________________________________


Textos publicados em periódicos sobre Udihara:

CESARO, Caio Júlio (2007),  Memória e identidade regional no cinema de Hikoma Udihara. Discursos Fotográficos, Londrina, v.3, n.3, pp. 97-112.

Para download do texto, acesse o link:  

BONI, Paulo César; FIGUEIREDO, Daniel de Oliveira; Hikoma udihara: um imigrante colonizador  inaugura o cinema no norte do paraná, Londrina-PR,  Doc On-line, n. 09, Dezembro de 2010.

Para download do texto, acesse o link: