Tal
texto tem o objetivo de apresentar uma panorâmica breve e limitada da história
dos realizadores de cinema em Londrina-PR.
1 - OS PRIMEIROS REALIZADORES
1.1 - AS PRIMEIRAS IMAGENS: OS
DOCUMENTARISTAS
As primeiras películas que foram
rodadas em Londrina têm em suas imagens rápidos panoramas de uma região em
início do processo de colonização e urbanização. Foram filmadas para estimular
as vindas de imigrantes à região, usadas como instrumento de propaganda para
potencializar as vendas de terras.
"Era o distante ano de 1932, quando um cinegrafista
de 50 anos passou a registrar em um filme reversível (com cópia única) 16mm as
terras e a mata que hoje conhecemos por Londrina. O cinegrafista era o
japonês Hikoma Udihara (1882-1972),
o primeiro cineasta londrinense [...]" (GROTA, 2009)
O
primeiro registro cinematográfico, portanto, da região onde depois seria
Londrina, veio antes da fundação oficial da cidade (a cidade foi fundada em 10
de dezembro de 1934). Naquele período, o Patrimônio Três Bocas (que depois
seria re-fundada como "Londrina") já tinha uma pequeno núcleo urbano,
que se estabeleceu na região por meio de uma primeira leva de colonos (vindo de
algumas regiões do Brasil, paulistas, gaúchos, baianos e mineiros) ao longo da
década de 1920. O governo estadual havia concedido, a partir do início da
década de 1920, as terras da região a empresas privadas de colonização, sendo
que a colonização do Norte do Paraná foi negociado junto à Companhia de Terra
do Norte do Paraná (subsidiária da firma inglesa Paraná Plantations Ltda.) que
assumiu a empreitada vendendo lotes a pequenos agricultores e incentivando o
cultivo extensivo e monocultor das lavouras de café. Hikoma Udihara veio do
Japão e, após um período de trabalho na região de São Paulo, foi contratado em
1922 pela Companhia de Terra do Norte do Paraná como agente exclusivo para as
negociações para a venda de terras da região à comunidade japonesa que já
moravam no estado de São Paulo.
"Detentor da exclusividade de negociação
com os imigrantes japoneses, viajava pelo interior de São Paulo, onde estavam
localizadas as colônias nipônicas, e expunha aos conterrâneos que um novo
empreendimento estava sendo aberto na região norte do Paraná, que o preço das
terras era barato e as condições de compra eram facilitadas. [...] Em Dezembro
de 1929, Hikoma Udihara trouxe a Londrina a primeira caravana de japoneses interessados em conhecer e comprar terras.
[...] Os japoneses foram os primeiros a comprar terrenos da colonizadora
inglesa." (BONI; FIGUEIREDO, 2010, p.49-50)
No
início da década de 1930 passa a levar suas películas e exibir seus filmes
junto as comunidades que estava negociando, as imagens serviam como
sensibilizadores da comunidade japonesa, um forte instrumento de propaganda do
agenciador de terras. Depois passou a usar seus filmes como recurso de
convencimento para conseguir apoio junto às autoridades de Curitiba e na
capital federal para melhorias na infra-estrutura da região e construções de
estradas para os japoneses escoarem a sua produção agrícola. O cinema como
agente colonizador.
Esses
primeiros
filmes de Udihara são P&B, sem áudio, gravados em suporte 16mm, depois
começa a gravar com películas coloridas. Todas suas películas são compostas por
pequenos filmes, com tomadas rápidas, com cortes secos, sem nenhuma edição. No
total, suas películas somavam por volta de 10 horas imagens.
Há, por lá, panorâmicas de várias regiões de Londrina, das lavouras e do núcleo
urbano, imagens de cidade da região, filmagens de eventos de inaugurações dos
prédios das primeiras instituições de Londrina (como Fórum, Rodoviária,
Correios, etc.), desfiles e eventos oficiais, registros documentais com o
mínimo de preocupação artística, Udihara encarava mais suas imagens como parte
de seu trabalho.
Udihara
continuou vendendo terras e registrando a região até o final da década de 1960.
*
Há um vídeo que também registrou este
período do início da colonização na região, se trata de um filme (feito em
16mm) de 17 min. realizado entre os anos de 1934-35, realizado pelo alemão Karl Otto Müller que estava na região a
passeio e realizou um registro de sua viagem de trem que percorreu desde a
cidade de Ourinho, passando pela Colônia Heimtal, Londrina, Gleba Roland, Cambé
(antiga Nova Dantzig), mata virgem e plantações de café, alguns fragmentos do
cotidiano dos colonos alemães na região. O vídeo ficou conhecido como
"Brasil: moradores alemães do norte do Paraná". Müller havia sido
convidado para visitar o Brasil por Oswald Nixdorf (pioneiro da Gleba Roland,
que depois veio a se tornar a cidade de Rolândia), o filho de Oswald adquiriu
de Müller, na década de 70, a película, traduziu as legendas do filme para o
português e realizou cópias, uma delas está disponível no Museu Histórico de
Londrina.
Os
primeiros filmes de Udihara e este filme Müller são os vídeos mais antigos
feitos na região. Além deles, deste primeiro período, existem outros vídeos de
caráter técnico realizados a mando do Instituto Brasileiro de Café (IBC) na
região, sobre a situação do cultivo do café e um outro vídeo feito no início da
década e 40 pelo médico João H. Steffen na ocasião de inauguração do Hospital
Evangélico, neste vídeo também há algumas panorâmicas do centro urbano. Ambos
estão disponíveis no acervo do Museu Histórico de Londrina.
São
apenas estes vídeos, até onde sabemos, que formam todo o acervo documental em
imagem em movimento deste primeiro período de colonização da região.
*
Em 1945, Renato Melito
inicia suas filmagens, funda a produtora Rilton Filmes e passa a ser o maior
registrador da corrida do "ouro verde", a explosão da agricultura
cafeeira, com cine-jornais e pequenos filmes que realizada a pedido da elite
financeira e política. Garantindo seu meio de sustento por meio de seus filmes
por encomenda, Melito filmou por mais de 30 anos eventos e campanhas que
políticos bem sucedidos armavam, festejos organizados pela elite econômica,
pelas instituições oficiais e pelas empresas comerciais. Este tipo de cinema
ficou conhecido como "cinema de cavação".
"Essa
expressão foi criada na década de 1920. Os cavadores eram os cinegrafistas e
cineastas que faziam filmes por encomenda. Breves documentários que incensavam
os feitos dos poderosos de plantão: grandes fazendeiros, capitães da indústria
e políticos bem sucedidos. Esses cineastas de aluguel produziam filmes para
divulgar empresas, obras do governo e campanhas políticas. Mais tarde, nas
décadas de 30 e 40, essa prática se sofisticou com a sonorização dos filmes. Os
cavadores partiram para a produção dos “cines-jornais”, reportagens que também
tinham a função de promover os governantes e divulgar as empresas comerciais.
Onde houvesse dinheiro, vaidade e ambição pelo poder, lá estariam os cavadores
com suas câmeras e sua lisonjeira atenção." (HARA, 2012)
De fato, a maioria dos filmes de
Melito são sonorizados, com um narrador com linguagem e expressão exultante e
trilha sonora de fundo com melodias jubilosas. O pesquisador Tony Hara escreveu
sobre os filmes dos cineastas de "cavação":
[...] há algo
didático nesses filmes. Ao observarmos a obra dos aduladores, dos cineastas
cavadores podemos ver claramente de que material são feitos os homens públicos.
Podemos ver os artefatos usados para a construção dessas mercadorias. Ao que
parece, os cavadores de ontem são os marqueteiros políticos de hoje. No cinema
de cavação o povo sempre aparece como figurante, como platéia, o rebanho
ordeiro que bate palmas em festas cívicas e em jornadas esportivas organizadas
pelo poder instituído. As crianças brincando nos parques representam o zelo
pelo futuro da nação. As máquinas nas ruas asfaltam o caminho para o progresso
e prosperidade dessa elite. Mas eles querem fazer crer que se trata da
prosperidade de todos. Mentira. No cinema de cavação dá pra perceber a armação
da cena. É mais inocente mesmo. Há algo de ingênuo nesse exercício de
convencimento e persuasão. Mas estratégias discursivas usadas hoje em dia estão
todas lá. [...]
E na
medida em que o tempo passa, torna-se cada vez mais importante porque se trata
também do registro da vida cotidiana do auge do ciclo cafeeiro no Norte do
Paraná. São raros os registros fílmicos dessa época. (2012)
O acervo de Melito está em posse do
Museu Histórico de Cambé, guardado na Cinemateca Brasileira, sem nenhum
processo de restauro, o acervo aos poucos está se perdendo devido a
deterioração das suas películas, que ainda não foram digitalizadas, como
discutiremos mais a frente neste texto.
1.2 - OS PRIMEIROS FICCIONISTAS, OS
PRIMEIROS CINÉFILOS
Em 1954 foi filmada a primeira
ficção de Londrina ( e possivelmente do Paraná), chama-se "Um dia
qualquer", um pequeno filme de aproximadamente 10 minutos, filmados em
16mm em P&B, realizado pelo médico Orlando
Vicentini (1916-1991), um filme sobre um dia corriqueiro em que três
crianças brincam, se preparam para ir para escola, estudam, sonham e vão
dormir. O filme é bonito, singelo e simples, com atuação dos próprios filhos de
Orlando, tendo como assistente na produção o filho mais velho, Archibaldo, que também
atua no filme, na época ainda uma criança que acompanhava (um tanto
contrariado) e auxiliava tecnicamente todas as filmagens do pai.
Orlando ainda finalizou mais dois
filmes, o "Natal de 54", uma pequena ficção sobre um dia de natal,
também tendo como atores seus filhos e como cenário os cômodos de sua casa e
"Londrina 1959", um documentário poético e exultante sobre a cidade,
filmado com lente cinemascope e com película colorida.
Todos os filmes de Orlando estavam
guardados em seu suporte original junto à família, porém quando fomos
acessá-los para exibi-los na "Mostra londrinense de Cinema e
Memória", auxiliados por Archibaldo, percebemos que elas estavam todas
misturadas a trechos de outros filmes inacabados e películas de registros do cotidiano
da família que Orlando tinha feito. Iniciamos um processo de recuperação e
digitalização
do acervo, conseguindo digitalizar os dois filmes "Um dia qualquer" e
"Londrina 1959", não sendo possível no momento localizar grande parte
das cenas que compõem "Natal de 1954". Os filmes digitalizados estão
disponibilizados no Museu Histórico de Londrina, bem como todo o equipamento
utilizado por Orlando (câmeras, lentes, projetores, etc.).
Vicentini foi o primeiro
cineclubista da cidade, junto com seus amigos, alugavam películas de filmes
vindo de São Paulo, que chegavam pela via férrea, para uma sessão entre amigos.
Archibaldo contou-nos que Orlando construiu a sua casa para ter uma estrutura
para as projeções das películas, trazia filmes - principalmente do cinema
francês - que não circulavam nos cinemas da cidade.
Procurava a pesquisa estética autodidata do cinema, assinava revistas européias
especializadas na temática, em seus filmes explora as fusões, câmeras lentas e
rápidas, efeitos. Apenas não aprofundou seus estudos e desenvolveu suas
realizações por falta de tempo, devido a carga de trabalho na profissão de
médico.
Vicente
José Lorenzo Izquierdo (1924-2000) era um destes amigos cinéfilos de
Orlando Vicentini e é o maior ficcionista da história do cinema londrinense.
Enveredou-se pelo cinema por prazer, para incentivar o riso e a diversão, sem a
pretensão de ser profissional, ou de inscrever o seu nome na história do cinema,
era ortopedista de profissão. Envolveu amigos e família em suas criações, sua
esposa, Victória, co-escreveu vários de seus roteiros. Quase todos seus filmes
com histórias fantásticas, ficções científicas, casos policiais,
feitos com os recursos, estrutura e a paixão que tinha em mãos.
Suas primeiras ficções são de 1961,
suas últimas obras são de meados da década de 1980, grande parte dos seus
filmes são coloridos, com falas, trilha sonora. Realizou mais de 15 filmes,
todos curtas-metragem, alguns em 16mm outros em 8mm e Super-8. Todos os filmes
estão em posse da família em seus suportes originais. Na "Mostra
londrinense de Cinema e Memória" (em novembro de 2012) foi exibido o filme "Gênesis"
(de 1983), intensamente experimental, tem como tema uma raça humana pura que
nasce dentro de uma estufa de plantas e que depois entra crise, interpretada em
grande parte por atores do grupo de teatro "Proteu".
Izquierdo foi um dos fundadores da
ALCA - Associação Londrinense de Cinema Amador, que existiu durante a década de
1970 (foi criada em 1976), grupo que organizava sessões cineclubistas,
exibições e debates sobre o cinema, realizava filmes e que chegou a realizar
cursos teórico-práticos de Super 8.
Um dos principais participantes
(sendo o primeiro presidente) da ALCA foi Raul
Zanketi. Cinéfilo, criou a Zanketi Produções Cinematográficas, chegou a
realizar apenas uma ficção curta-metragem, trabalhava mais com filmagens de
festas e casamentos, também fazia trabalhos para TV e comerciais. Zanketi colaborou
em algumas produções de Izquierdo e, em meados da década de 70, escrevia uma
coluna sobre cinema para o jornal Folha de Londrina intitulada "Super
8".
Orlando
Vicentini, Lorenzo Izquierdo e Victória, em 1988.
2 - O CINEMA CONTEMPORÂNEO DE
LONDRINA
Em 1987 foi rodado o primeiro
longa-metragem ficcional da história do cinema londrinense, “Legal Paca”,
película colorida, sob a direção e roteiro de Antônio Pereira Dias. O filme
conta a história de um fazendeiro que, afundado em dívidas, vende suas terras
para pagá-las, desempregando quase trezentas pessoas. A partir daí, o Jeca Tatu
passa a interferir na situação. “Legal Paca” teve sua pré-estréia em Londrina a
23 de março de 1988, no Cine-Teatro Ouro Verde. As filmagens ocorreram no
patrimônio Regina, em Londrina. No elenco, somente atores locais: Antônio Pedro
da Costa Filho (Jeca Tatu), Lázaro Câmara, Francisco Salles, Antônio Cardoso,
Salete Vick Turi, Matãozinho, José Domingues, Izilda Ferreira, José Carlos
Stuani, Lázaro Antônio Filho, Terezinha Ferreira, Benê Costa e Sofia Carvalho.
O filme foi exibido apenas na região, e não se sabe certamente se existe alguma
cópia disponível em vídeo ou em película. (GROTA, 2009)
No início da década de 1980, foi
realizado um curta-metragem em parceria entre Universidade Estadual de Londrina
e o grupo de teatro Proteu, inspirado em um trecho do livro "Grande
Sertão: Veredas" (dirigido por Nitis Jacon e Plínio W. Bortolotto), que
circulou por alguns festivais universitários.
Em 1998 é criada a Mostra Londrina
de Cinema e um dos organizadores, no mesmo ano, traz profissionais de São Paulo
para uma oficina de Super 8, que resultou no curta "De repente numa
tarde".
Em dezembro de 1999, os responsáveis
pela Oficina voltaram à cidade e realizaram um curta em 16mm, preto-e-branco,
finalizado apenas em junho de 2003: “Saudade”, dirigido pelos paulistas Sérgio
Concílio e Vera Senise, produzido por Caio Cesaro. O filme acabou sendo
ampliado para 35mm graças a recursos do Programa Municipal de Incentivo à
Cultura (Promic). Em outubro de 2000, finalmente uma produção em 35mm em
Londrina: o curta “Cine-Paixão”, novamente com produção de Cesaro e direção de
Concílio e Senise, trouxe à cidade a atriz Ingra Liberato.
Em 2002, com um orçamento de
aproximadamente R$ 9 milhões, Tizuka Yamazaki rodou em Londrina e região o
filme “Gaijin 2”. Mesmo com um apoio da Prefeitura local (que à época fez um
repasse de R$ 440 mil à produção), não se pode considerar “Gaijin 2” um filme
autenticamente londrinense, pois a maior parte das pessoas que estavam nas
posições centrais deste filme estavam em Londrina apenas de passagem. Dessa
forma, “Gaijin 2” seria mais um filme rodado parcialmente em Londrina do que um
filme autenticamente londrinense. O filme conta a história dos imigrantes que
vieram para Londrina, focando na saga dos japoneses, com uma estética
melodramática e quase épica, com forte trabalho na criação artística, chegando
a construir cidades cenográficas da década de 1930 . Em 2002 é criada o PROMIC - Programa Municipal de Incentivo à Cultura, que vai ser o principal lastro e base de financiamento das realizações audiovisuais e culturais de Londrina, possibilitando o financiamento de criações, eventos, festivais, mostras, realizações, oficinas, espaços culturais, etc. Os editais do PROMIC são os principais meios de financiamento à produção dos agentes culturais de Londrina e principal responsável pela viabilização da cena de cinema local.
Em 2003 e 2004, foram realizadas duas Oficinas de Realização
em Cinema em Super-8 resultando nos curtas “Manequim 37”e “Pandora”. Em 2003,
os cineastas Caio Julio Cesaro e Rodrigo Grota promoveram na Associação Médica
de Londrina o Curso de Iniciação à Linguagem do Cinema, que contou com 50
alunos. Este curso teve uma segunda edição em julho de 2007 na Universidade
Estadual de Londrina, sendo ministrado por Rodrigo Grota, e desta vez contou
com cerca de 70 alunos.
Em julho de 2003, após uma Oficina
de Realização em Cinema em Super 8, foi criada a Kinoarte – Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina, uma associação
cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública municipal, e interessada em
atuar em quatro áreas: produção, exibição e preservação de filmes, além da realização
de projetos de formação audiovisual. O
grupo realizou mais de 30 filmes nos mais variados suportes (35mm, HD, HDV,
mini-DV, super-8). A instituição também coordena a "Mostra Kinoarte de Cinema (antiga “Mostra Londrina de Cinema”),
festival mais antigo do Paraná e que está chegando em sua 20ª edição. Em 2008
também foi criada a Mostra Marília de Cinema, ampliando a atuação do grupo para
o estado de São Paulo. Entre outros projetos que desenvolveram também estão a Kinoarte Mostra
Curtas (exibição de curtas em escolas e centros culturais), o Kinoclube
(cineclube do grupo) a revista “Taturana” (uma revista sobre cinema)
e as Oficinas Kinoarte (cursos de apresentação e criação cinematográfica). Em 2005, a Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de
Londrina) criou o projeto Oficinas Kinoarte, que teve como objetivo capacitar
profissionais do audiovisual, iniciar os interessados na arte cinematográfica e
permitir o intercâmbio com profissionais e pesquisadores renomados nacional e
internacionalmente. Entre 2005 e 2013 foram realizados 13 cursos nas mais
diversas áreas: Hilton Lacerda (roteiro), Kiko Goifman (documentário,
resultando na produção dos curtas "Triângulo Fuganti",
“Rotundus", “Nem Todos que estão São, Nem Todos que São Estão”, “60
Camas”), Ruy Guerra (direção), Walter Lima Jr. (direção de atores), Joel
Pizzini (documentário), Andrea Tonacci (direção), Marçal Aquino (roteiro),
Carlos Ebert (direção de fotografia + cinema, pintura e fotografia +
cinematografia digital), Luiz Adelmo (som), Oswaldo Lioi (direção de arte) e
Rodrigo Aragão (maquiagem de efeitos especiais). A partir de 2007, a Kinoarte
começou a promover Oficinas de Realização em Cinema em Londrina com o mesmo
objetivo de formar novos profissionais. Desses cursos práticos resultaram seis
curtas: “O Casaco” (2007); “Nós” (2008), “Azia” (2010); “Venha Ver o Pôr do
Sol” (2012), “Laura” (2013) e “Bosque Vermelho” (2013). Em 2008, a Kinoarte
também ofertou uma Oficina de Documentário resultando no curta “Desocupação”. Atualmente o grupo se vincula a uma produtora, a Filmes do Leste. A Filmes do Leste trabalha com cinema, mas também na área de vídeos institucionais.
Entre 2007 e 2010, é criada os filmes da Trilogia do Esquecimento: Satori Uso, Booker Pittman e Haruo Ohara, dirigidos e roteirizados por Rodrigo Grota, diretor ligado à Kinoarte, e posteriormente à Kinopus Audiovisual. Tais filmes circularam em muios festivais e ganharam várias premiações, sendo importante marco na cena do cinema local. Entre as realizações do grupo ligado à Kinoarte também estão os filmes dirigidos e roteirizados por Artur Ianckievivcz ("Sofia" e "Senhora L") e Rafael Ceribelli ("A caça", "Nigredo")
Em 2004 surge o cineclube Ahoramágica, o grupo que além
de buscar a divulgação e exibição de filmes da maneira mais aberto possível,
realizando um marcante e intenso exercício de cineclubismo em vários cantos da
cidade por mais de uma década, também realizou obras de experimentação audiovisual e
documentários em parceria com movimentos comunitários e espaços culturais e com
temáticas voltadas para discussões sobre a memória, a subjetividade
periférica e a poesia cotidiana, entre outros temas. O grupo a partir de 2009, começou a realizar cursos de apresentação do mundo cinematográfico abertos a população. Entre 2010 e 2016, Ahoramágica criou 3 longa-metragens e mais de uma dezena de curtas-metragens sempre focados na temática da memória periférica de Londrina e região. O grupo organizou em 2013 a "Mostra Londrinense de Cinema e Memória" em parceria com o Museu Histórico de Londrina, que foi projeto que resultou na pesquisa e criação deste blog. Em 2018, já com nome modificado para Ahoramágica Cinema & Memória, o cineasta Luis Mioto, sendo o seu principal coordenador e articulador compreende que o ciclo da Ahoramágica tinha encerrado seu ciclo e encerra as atividades do grupo. Para conhecer a história e os filmes realizados pela Ahoramágica acessem: http://ahoramagica.blogspot.com/
Em 2014 surge a Kinopus Audiovisual, a partir de um grupo saído da Kinoarte (os cineastas Rodrigo Grota e o produtor Guilherme Peraro). Os membros da Kinopus agitam e articulam de forma intensa a cena de realização audiovisual na cidade, já realizaram dezenas de filmes, curtas, séries para TV, e um longa-metragem de ficção, o "Leste-Oeste" e o documentário "Isto (não) é um assalto". A partir de 2015 começa a promover as Oficinas Kinopus resultando no curta “Paixão Bandida”. Foram ofertados outros
três cursos pela Kinopus: Oficina de Interpretação para Cinema, Curso de Roteiro para Séries de TV, Oficina de Roteiro e Direção para
Cinema e TV, com o jovem realizador francês Giullaume Renusson, Oficina de Roteiro com Doc
Comparato; Qualidade na Captação Cinematográfica Digital, com Carlos Ebert. Os coordenadores da Kinopus já conquistaram mais de 60 prêmios entre festivais nacionais e internacionais.
Em 2013, o Centro Cultural Sesi de Londrina criou o projeto
Núcleos Criativos, abrindo a primeira turma para o Núcleo de Dramaturgia
Audiovisual. Ao longo de 5 anos, mais de 100 novos
roteiristas foram formados para o mercado audiovisual de Londrina a região. Ao
final do curso, 9 roteiros são escolhidos e apresentados em um Pitching para
uma banca avaliadora externa. Em 5 anos do Núcleo, alguns roteiros já se
transformaram em filmes, caso dos curtas “Junie” e “O Canto do Claustro”, de
Gustavo Minho Nakao; “Quando o Verde Toca o Azul”, de Letícia Nascimento; e
“Inventário”, escrito por Alessandra Pajolla e dirigido por Rafael Ceribelli.
Desde 2017, o Núcleo é uma realização do Sesi Paraná em parceria com a
produtora Kinopus, de Londrina.
Entre 2012 e 2013 é realizado o filme "Rubras Mariposas" do cineasta e diretor de fotografia Anderson Craveiro, que cria a Clareira Filmes, que vai atuar também na realização de vídeos institucionais e videoclipes. A Clareira Filmes realiza entre 2016 e 2018 o filme "Grünstadt", dirigido e roteirizado por Celina Becker.
Entre abril e maio de 2014, a produtora local Cine
Guerrilha, que já havia sido parceria da Kinoarte na produção do curta “Bosque
Vermelho” em 2013, ofereceu a Oficina de Realização de Cinema de Artes
Marciais, ministrada por Gutemberg Lins. Durante a oficina, Gutemberg abordou
particularidades da carreira de dublês, introdução prática ao Kung Fu Shaolin,
técnicas de quedas e acrobacias, coreografias de Kung Fu aplicadas ao cinema,
lutas com armas e objetos de cena e expressão e interpretação em cenas de
lutas. Na segunda etapa da oficina ocorreu realização de um curta metragem
sobre Artes Marciais, resultando no curta-metragem “Copo de Leite”. O grupo do Cine Guerrilha também realizou outros curtas-metragens, dialogando com a estética do trash e terror, como "A Manicure". O Cine Guerrilha também promovia exibições cineclubistas até por volta de 2018, filmes com estética característica do grupo num cineclube dentro do Bar Barbada.
Desde 2014, a Escola de Artes Primeiro Encontro tem
oferecido cursos de Iniciação em Cinema e Teatro, tendo resultado na produção
de curtas e médias-metragens realizados pelos cursistas. Os cursos são coordenados pelo cineasta londrinense Luis Henrique Mioto e com colaboração de vários artistas e técnicos de cinema de Londrina, os filmes resultantes contam com elenco formado por alunos da
própria escola. Resultam do cursos curtas como "Um, dois, três e já", Zé & Beto", "Alô?" e "O menino leve".
Entre 2013 e 2019, Luis H. Mioto - junto a mais dois pesquisadores - também desenvolveu projetos de formação audiovisual junto à
comunidade Kaingang (da Terra Indígena Apucaraninha), em região próxima a Londrina. Esse processo resultou em um longa-metragem com imagens da comunidade realizadas pelos indígenas (Eg In: nossa casa) e outros 8 curtas-metragens de roteiro, direção e edição dos próprios Kaingang. Resultando na criação do “Centro de Memória e Cultura Kaingang” (CMCK), localizado dentro da Terra
Indígena e que busca registrar, guardar, pensar e fortalecer a memória da
cultura indígena da comunidade Kaingang. Para conhecer o projeto e os filmes acessem: http://cmckaingang.blogspot.com/
Em 2018, em parceria com o Sesi Londrina, a Kinopus criou o
Núcleo de Cinedramaturgia Dramátika - o intuito é aproximar os profissionais de
Cinema e Teatro de Londrina e região. Com o suporte logístico e técnico da
produtora Kinopus, o Núcleo DRAMÁTIKA se divide em duas etapas: leituras dramáticas de textos teatrais, seguidas
pela exibição de filmes que são adaptados para o cinema a partir desses
textos. O Núcleo é composto
por 17 atores londrinenses e 5 diretores e roteiristas londrinenses.
No segundo semestre de 2017, foi formalizado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Prefeitura Municipal de Londrina e a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC) para a criação no município de um Núcleo de Produção Audiovisual (NPD) - braço da formação e da produção audiovisual regionalizada dentre as políticas públicas da SAv/MinC. Cada Núcleo recebe do Ministério da Cultura equipamentos de produção e de edição audiovisual digital e deve funcionar sob um modelo de governança compartilhada, com um plano de trabalho de cursos e de apoio à produção local, por meio do empréstimo de equipamentos. No momento, o Núcleo de Produção Digital está em fase de implantação e a ideia é de que os equipamentos sejam usados pelas ações de formação que serão propostas neste edital de co-investimentos regionais.
Vários
realizadores autônomos vêm confeccionando seus caminhos nesse território,
muitos tendo passado pelos cursos de cinema e audiovisual citados. A dimensão se amplia, as possibilidades de
realização estão cada vez mais às mãos.
Também se destacam diversos outros setores da economia
criativa que podem contribuir na composição de mão de obra para o audiovisual local,
como o curso de artes cênicas, design gráfico, música, artes visuais, moda e
comunicação na Universidade Estadual de Londrina e Produção em Audiovisual
na Faculdade Pitágoras e Unifil, além de outros cursos que também somam à área
como economia, direito, administração destas instituições e de outras presentes
na cidade e região. Lembrando da importância do Cine Com-Tour, também ligado à UEL, com curadoria e direção de Carlos Eduardo Lourenço, que por muitos anos exibiu filmes de grande importância estética e influenciou os realizadores, em 2020 o Cine Com-Tour fechou suas portas por falta de recursos.
No campo da exibição
cinematográfica apresenta número expressivos, conforme dados de 2015: 22ª cidade do Brasil em número de salas de cinema (sendo 30 salas de cinema em operação); São 21.900 espectadores por sala, colocando a cidade como 16° no Brasil em número de
espectador.
3 - SOBRE A IMPORTÂNCIA E OS CAMINHOS DAS VIDAS DAS PELÍCULAS HISTÓRICAS
O
acervo dos filmes de Hikoma Udihara, Renato Melito, Otto Müller, Lorenzo
Izquierdo e Orlando Vicentini são únicos, fundamentais para a memória de
Londrina e região, para a memória do país, do cinema, peças-chaves para
ampliarmos nosso imaginário sobre a confecção de nosso ambiente, o processo de
invenção de nosso território, formam quase que a totalidade dos registros em
imagem em movimento de todo esse momento vivido e quem viu um trecho sequer
destas imagens se movimentando percebe seu valor irrepetível, vive a
experiência de sentir vislumbres e percepções de nossa história em níveis que
nenhuma outra fonte histórica é capaz de inspirar. Esse acervo é único, porque
realmente são únicos... quase todo ele não possui cópia em outro suporte que
não o originais, ou seja, tais filmes podem ser vistos porque estão em suas
películas que foram filmadas, mas que estão se desfazendo a cada segundo que
passa, o tempo implacável apagando irrecuperavelmente as cenas históricas,
únicas.
Há
filmes de Udihara e Melito que já se perderam, não é mais possível sua
recuperação, nunca veremos essas imagens, outros que estão em tal processo de
decomposição que precisam ser recuperados fotograma por fotograma,
escaneando-os, para depois juntá-los novamente em uma trilha temporal. Outros
ainda estão em relativo bom estado, necessitando de um processo de higienização
para depois serem telecinados. O acervo de Udihara está em posse do Museu
Histórico de Londrina e o de Melito está do Museu Histórico de Cambé, ambos
estão aos cuidados da Cinemateca Brasileira (que possui estrutura de salas
climatizadas para a diminuição do processo de decomposição) esperando que algum
projeto consiga organizar efetivamente o seu restauro. Alguns movimentos foram
realizados para tal feito, Caio J. Cesaro, por exemplo, coordenou um projeto de
restauro sob patrocínio da Secretaria de Cultura de Londrina de uma, ainda
pequena, parte do acervo Udihara, atualmente o Museu Histórico de Londrina
busca recursos para finalizar o restauro. Existem algumas cópias de poucos
trechos destas obras, cópias em vários suportes, alguns estão em DVDs com
imagens muito próximas das originais, outros em cópias em formatos tão
precários que desrespeitam a estética imagética destes cineastas. Percebe-se
aqui que existem vários caminhos para se obter uma cópia destes filmes, é então
que se começa a complicar a discussão...
Um
processo de restauração de um acervo em película que seria o mais próximo do
“ideal” é extremamente complexo e por ser tão complexo é também extremamente
oneroso, resumindo – por cima – poderíamos elencar alguns passos para essa
realização: reorganização das películas, higienização física e banhos químicos
de limpeza, restauro de partes da película avariadas, telecinagem (por meio de
equipamento de telecine ou escaneamento de fotogramas individuais), tratamento
das imagens por meio de programas de edição de vídeo, finalização digital, transfer do arquivo digital (passando
para uma nova película em negativo que seria guardada em arquivo), revelação do
negativo em película positiva para exibições. Tal processo, como podemos
perceber, demanda muito trabalho e equipamentos, é um processo delicado, um
processo com toda certeza merecido a estes acervos, mas que demanda grande
recurso financeiro, um dinheiro que não representa nada perto da preciosidade e
importância destas imagens, o dinheiro aqui representaria um objeto necessário
para garantir a sobrevida de uma fonte histórica, isso sim fundamental. O
dinheiro é um papel de troca, essas películas é parte irrepetível de nossa
memória, qual dos dois devemos guardar com mais cuidado?
Mas,
para além deste processo de restauro “ideal”, existe uma situação limite:
existem algumas destas películas que estão se tornando irrecuperáveis, o que
fazer com elas enquanto esperamos os recursos surgirem? Vamos esperar elas
desaparecerem? Sabemos que existem, com a tecnologia que temos acesso hoje em
dia, possibilidades de realizar uma cópia destes filmes para um formato
digital, com uma qualidade relativamente boa (próxima da qualidade da
película), com custos muito mais acessíveis.
Tal
estratégia seria realizada por meio da exibição dos filmes (por meio de um
projetor de películas) que formariam imagens que seriam registradas por uma
câmera digital de alta resolução, formando um arquivo digital para ser tratado
em programas de edição de imagem e vídeo. Neste método, pulam-se várias etapas
do processo “ideal” descrito, mas garante que a imagem que corre o risco de
nunca mais ser vista tenha ao menos uma garantia de sobrevivência, mesmo que
não no formato ideal.
Mas,
neste ponto entramos em vários impasses.
Os pesquisadores que estão preocupados com estes
filmes em seu formato original argumentam que tal digitalização “caseira”
formam cópias que começam a circular e acabam por satisfazer várias partes das demandas
pela recuperação destes filmes e, assim, eliminam as chances destes acervos (em
seu suporte original) serem restaurados como o processo “ideal” imagina que
deva ser. Tais pesquisadores também nos lembram que a própria tecnologia de
vídeo se desenvolve muito rapidamente, possibilitando que daqui há poucos anos
já tenhamos outras câmeras digitais com qualidade superior a que temos agora
acesso e que, assim, teremos a intenção sempre de recorrer ao suporte em
película para realizarmos uma nova versão com a nova tecnologia, daí a
importância de restauro destas películas originais buscando deixá-las no
suporte de película. Por outro lado, não podemos cair no risco de trancarmos
tais filmes em arquivos inacessíveis, sem poderem ser conhecidos, analisados,
pesquisados, estudados, porque ele ainda não se encontra em seu formato
“ideal”, tais filmes podem desaparecer trancados num sono fatal. Tais imagens
não existem para estarem vivas? Os pesquisadores terão de se contentar em
somente imaginarem esses filmes, mesmo sabendo que existem e que há meios de
eles se tornarem acessíveis, mesmo que ainda não seja para toda a população,
mas ao menos acessível aos pesquisadores por meio destas digitalizações mais
“caseiras”?
Existem
vários argumentos a respeito dos caminhos que tais filmes precisam caminhar.
Muitos deles com profunda fundamentação técnica e lógica, o diálogo entre estas
possibilidades é preciso. Só não podemos deixar a memória diluir-se no tempo
enquanto os homens discutem a respeito das técnicas para salvar uma fonte
histórica que daqui a pouco nem existe mais. Só não podemos deixar a memória
sem acesso porque, ironicamente, temos vários caminhos imaginários de acesso
para ela. E, só não deixemos tal elemento fundamental de nossa memória se
perder por falta de alguns papéis-moedas.
REFERÊNCIAS
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<http://www.doclondrina.blogspot.com>. Setembro de 2012.
PÁGINAS VIRTUAIS
http://www.doclondrina.blogspot.com
http://www.cineclubesdelondrina.blogspot.com
http://www.ahoramagica.blogspot.com
http://www.kinoarte.org
http://kinopus.com.br/
https://www.facebook.com/cineguerrilhaproducoes
https://lestebr.com/
O acervo
foi doado ao Museu Histórico de Londrina . Sem condições técnicas, recursos
financeiros e profissionais especializados para recuperar e preservar os
filmes, em 1983 os responsáveis encaminharam o acervo para higienização,
recuperação e migração à Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O pesquisador
Caio Cesaro, que, desde o início da década de 90, acompanha o acervo de Udihara
descreve que em janeiro de 1984,
técnicos da Cinemateca fizeram uma matriz em VHS de todo conteúdo passível de
telecinagem. A partir de 1988, os filmes considerados irrecuperáveis
cinematograficamente foram devolvidos ao Museu em suas respectivas latas. Cerca
de uma terça parte de sua filmografia foi considerada pela Cinemateca
Brasileira, na década de 80, como irrecuperável.
O filme
teve problemas em seu processo de distribuição, não chegando circular pelas
salas comerciais e nas locadoras. O cineclube Ahoramágica possui disponível uma
cópia em DVD.